
Cordoma
O cordoma é um tumor ósseo maligno raro, originado de vestígios da notocorda embrionária. Apesar de seu crescimento lento, é localmente agressivo e tem potencial para metastatizar. Representa cerca de 1-4% dos tumores ósseos primários, sendo mais comum em adultos entre 40 e 70 anos, porém também podendo se apresentar em crianças.

Localização e Classificação
Os cordomas surgem principalmente ao longo do eixo axial, com predileção por:
1. Região sacrococcígea (50-60% dos casos) – Mais comum em adultos.
2. Base do crânio (clivus) (25-35%) – Frequentemente associado a sintomas neurológicos.
3. Coluna vertebral(15%) – Menos comum, mas pode ocorrer em qualquer nível.
Características Clínicas
Sintomas dependem da localização:
- Sacral: Dor lombar crônica, disfunção intestinal/vesical, déficit neurológico.
- Clival: Diplopia, cefaleia, paralisia de nervos cranianos
- Crescimento lento, mas invasivo, com destruição óssea e compressão de estruturas adjacentes.
- Metástases(20-40% dos casos) – Principalmente para pulmões, fígado e ossos.
Aspectos de Imagem
Radiografia e Tomografia Computadorizada (TC)
- Lesão lítica, expansiva, com destruição óssea.
- Calcificações intratumorais (40-70% dos casos).
Ressonância Magnética (RM)
- Sinal hipointenso em T1, hiperintenso em T2 (devido ao alto conteúdo de mucina).
- Realce heterogêneo com contraste.
- Padrão lobulado** característico.
- TC e RNM ajudam a avaliar extensão e relação com estruturas neurovasculares.
Biópsia
- Fundamental para confirmação histológica (células fisalíferas – vacuolizadas, em cachos).
- Imuno-histoquímica: Positividade para braquiury, EMA, queratinas(CK8/18/19).
Diagnóstico Diferencial
- Metástases (especialmente adenocarcinoma).
- Condrossarcoma (quando há calcificação).
- Tumor de células gigantes (em vértebras/sacro).
- Meningioma (na base do crânio).
Tratamento
O manejo requer abordagem multidisciplinar (cirurgia, radioterapia e, em casos selecionados, terapia sistêmica).
Cirurgia
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Principal modalidade com potencial curativo, visando ressecção em bloco com margens livres.
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Desafios: Localização próxima a estruturas críticas (nervos, vasos, medula).
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Sacrectomia ou craniotomia podem ser necessárias.
Radioterapia
Pode ser utilizada antes da cirurgia(neoadjuvância) ou após cirurgia(adjuvante) além disso, muito utilizada em lesões irresecaveis.
Terapia Sistêmica
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Pouco sensível à quimioterapia convencional.
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Terapias-alvo: Inibidores de EGFR (ex.: erlotinibe) ou TKIs (imatinibe) em estudos.
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Imunoterapia: Em investigação
Conclusão
O cordoma é um tumor raro, porém agressivo, que exige diagnóstico precoce e tratamento especializado. A ressecção cirúrgica ampla é o pilar da terapia, complementada por radioterapia. Novas abordagens, como terapias-alvo e imunoterapia, estão em estudo para melhorar os desfechos. O acompanhamento prolongado é essencial devido ao risco de recidiva tardia.