
Plasmocitoma e Mieloma Múltiplo
O plasmocitoma e o mieloma múltiplo são doenças hematológicas que envolvem a proliferação de células plasmáticas anormais. Enquanto o plasmocitoma é uma lesão solitária de células plasmáticas, o mieloma múltiplo é uma doença sistêmica caracterizada pela infiltração difusa da medula óssea por essas células. Ambas as condições estão frequentemente associadas a complicações ósseas, como lesões líticas, fraturas patológicas e dor óssea, o que torna o acompanhamento com um ortopedista oncológico essencial para o manejo adequado desses pacientes.

Epidemiologia
- Plasmocitoma: Representa cerca de 5% das neoplasias de células plasmáticas. Pode ocorrer como uma lesão solitária óssea (plasmocitoma ósseo solitário) ou em tecidos moles (plasmocitoma extramedular). É mais comum em adultos entre 50 e 70 anos.
- Mieloma múltiplo: É a segunda neoplasia hematológica mais comum, representando 1% de todos os cânceres e 10% das neoplasias hematológicas. Acomete principalmente idosos, com pico de incidência entre 60 e 70 anos.
Localização e Complicações Ósseas
Ambas as condições estão fortemente associadas a complicações ósseas, devido à atividade osteoclástica(destruição óssea) aumentada e à supressão da formação óssea. As principais características incluem:
1. Lesões líticas: Ocorrem em até 80% dos pacientes com mieloma múltiplo e são comuns no plasmocitoma ósseo. São causadas pela liberação de citocinas que ativam os osteoclastos, levando à reabsorção óssea.
2. Fraturas patológicas: As lesões líticas enfraquecem o osso, aumentando o risco de fraturas, especialmente em ossos longos (fêmur, úmero) e vértebras.
3. Dor óssea: É o sintoma mais comum, resultante das lesões líticas, fraturas ou compressão nervosa.
4. Hipercalcemia: A reabsorção óssea libera cálcio na corrente sanguínea, podendo levar a complicações como insuficiência renal e alterações neurológicas.
5. Compressão medular: Lesões vertebrais podem causar colapso das vértebras e compressão da medula espinhal, levando a déficits neurológicos.
Diagnóstico
O diagnóstico de plasmocitoma e mieloma múltiplo envolve uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem:
- Exames laboratoriais: incluem eletroforese de proteínas séricas, dosagem de cadeias leves livres e biópsia da medula óssea.
- Imagens: Radiografias, tomografias computadorizadas e ressonância magnética (RM) são utilizadas para identificar lesões líticas e avaliar a extensão da doença. A tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT) é útil para detectar atividade metabólica nas lesões.
- Biópsia: Necessária para confirmar o diagnóstico, especialmente no plasmocitoma solitário.
Tratamento
O tratamento varia conforme a doença:
1. Plasmocitoma:
- Cirurgia: Geralmente indicada como primeiro escolha para ressecção, entretanto depende de localização e morbidade cirúrgica.
- Radioterapia: Ótima opção de tratamento para plasmocitoma solitário, especialmente em regiões com difícil acesso, demonstra altas taxas de controle local.
2. Mieloma múltiplo:
- Quimioterapia e terapia-alvo: Incluem inúmeros fármacos para tratamento, geralmente definidos à critério do hematologista
- Transplante de medula óssea: Indicado para pacientes elegíveis, indicado pelo hematologista
- Bisfosfonatos: Reduzem a reabsorção óssea e o risco de fraturas.
- Denosumabe: Alternativa aos bisfosfonatos, inibe a atividade osteoclástica.
- Radioterapia: Utilizada para lesões ósseas sintomáticas ou compressão medular pré- ou pós cirúrgico.
- Cirurgia: Utilizada em casos de fraturas patológicas e prevenção de fraturas com técnicas minimamente invasivas.
Importância do Acompanhamento com Ortopedista Oncológico
O ortopedista oncológico desempenha um papel crucial no manejo das complicações ósseas associadas ao plasmocitoma e ao mieloma múltiplo. Sua atuação inclui:
1. Prevenção e tratamento de fraturas patológicas:
- Avaliação do risco de fratura em lesões líticas.
- Estabilização cirúrgica de ossos longos com uso de hastes intramedulares profiláticas para fratura.
- Vertebroplastia ou cifoplastia para fraturas vertebrais.
2. Manejo da dor óssea:
- Prescrição de analgésicos e adjuvantes.
- Indicação de radioterapia para lesões dolorosas.
3. Monitoramento de lesões ósseas:
- Acompanhamento regular com exames de imagem para detectar progressão da doença e risco de fratura e melhor momento de intervenção cirúrgica.
4. Reabilitação funcional:
- Planejamento em conjunto com equipe de fisioterapia para recuperação pós-cirúrgica.
- Adaptação de órteses para pacientes com déficits funcionais.
Complicações Ósseas e Seu Impacto
As complicações ósseas são uma das principais causas de morbidade em pacientes com plasmocitoma e mieloma múltiplo. Fraturas patológicas, compressão medular e dor crônica podem levar a:
- Perda de mobilidade e independência.
- Redução da qualidade de vida.
- Aumento do risco de complicações sistêmicas, como infecções e trombose.
- Atraso do diagnóstico e do tratamento sistêmico.
Conclusão
O plasmocitoma e o mieloma múltiplo são doenças que frequentemente envolvem complicações ósseas, como lesões líticas, fraturas patológicas e dor óssea. O acompanhamento com um ortopedista oncológico é essencial para o manejo dessas complicações, garantindo tratamento cirúrgico adequado, prevenção de fraturas e reabilitação funcional. A integração entre hematologistas, ortopedistas oncológicos, fisioterapeutas, radioterapeutas e outros especialistas é fundamental para oferecer um cuidado multidisciplinar e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.